Gosto de coleccionar textos, textos escritos por outras pessoas, amigos ou não, textos que me toquem ou me chamem à atenção. Foi este o caso, este texto, escrito por uma amiga Caramela chamou-me à atenção, não só por ela escrever muito bem mas pelo que retrata, pela situação (tão actual em mim...). Ora vejam...
«...amar… mesmo que na escuridão das lágrimas…
“Vais ficar por casa?” – perguntou ele pedindo uma confirmação da solidão da mulher que suplica pelo seu desejo. “Sim!!” – respondeu ela cedendo-lhe o seu sinal de liberdade… a liberdade que ele receava não ter, talvez com receio de vê-la sofrer na presença de encontra-lo escoltado pela pessoa com quem ele partilha o tempo do seu ninho, aquele nicho que ela tão bem conhece e o qual lhe tem a entrada vedada como sendo um território proibido, mas transitado na escuridão de um poema…
Quantas vezes ela ouviu os gemidos de prazer dele naquele leito, quantas vezes ela se redimiu aos braços dele no esboço daquele projecto (o qual ela acredita ter a triste finalidade de não passar de um projecto apenas realizado em maquete), quantas vezes ela não resistiu ao odor da pele dele que gritava pela pele dela… com a mesma força que lhe doía hoje aquela ferida, que dói não por fora, mas por dentro… a dor do querer um mimo que só ele lhe pode dar.
A saudade do sorrir, faz com que ela o deseje nessa cegueira, mais do que o almejou durante todos os meses e, já anos, que passaram desde a primeira troca de letras de impetuosa paixão e veemente desejo… não por ser o dia internacional do consumismo especial, mas sim por não estar a suportar a ausência dos vocábulos interditos dele. Vocábulos esses que lhe seguram as forças para suportar esta situação a que destinou a sua vida, mas ele não compreende ou não quer compreender que a falta das suas palavras a deixam insegura... Talvez até ele o faça prepositadamente na essência de estas não lhe provocarem desejo... mas magoa-a!
Ela dava tudo para conseguir dissolver a balbúrdia em que se transformaram os seus sentimentos de “querer” quem não é desejado apenas por ela, de "querer" quem não se entrega apenas a ela (mesmo que ele a queira convencer que o seu corpo é apenas o corpo em que ele entra)... Aquela analogia de buscar a máxima felicidade não lhe está a dar segurança e a falta da comparência dele oscila-lhe a sua quietude. Ela quer mais, aqueles encontros de minutos já não lhe bastam, as letras não correspondidas não a convencem… e ela chora... as lágrimas que trajectam o seu rosto durante esta noite não o trazem para o seu colo, ela sabe com quem ele está… e isso agride-lhe o orgulho, porque ela nunca ambicionou estar com alguém assim…
Pois é amigos, hoje é o famoso dia de S. Valentim, alcunhado também de dia dos Namorados, que inevitavelmente chama ao consumo hipócrita de bens materiais… Estas oferendas e mimos forçados que levam à tentativa de compensar a falta de demosntração de amor e de afecto que há em 364 dias por ano… por vezes o amor torna-se um povoado estranho entre pessoas.
Deixei aqui uma história que não é de ninguém mas que pode sempre ser de alguém…
É que há muitas formas de amar, e o amar na fusão perfeita de sentimentos e atitudes lógicas é algo difícil de se viver… mas é mais difícil ainda nos amores proibidos em que as personagens principais caminham contra os princípios abstractos dos que deviam ser apenas figurantes... Estes, os proibidos, são os mais difíceis de gerir por serem “apontados” como cruéis…
É que às vezes sabe tão bem amar… mesmo que na escuridão das lágrimas…
Um beijinho grande para todos e…
...não se esqueçam que
a felicidade é alcançada mediante a luta na coerência do sonho!!!»
Cláudia “Karamela” Brito in
Karamelisses